Snape é herói, vilão ou mártir?

Poucos personagens na história da literatura geram um debate tão intenso quanto Severo Snape no universo de Harry Potter. Para alguns, ele é o herói mais corajoso da saga; para outros, um vilão imperdoável que se redimiu tarde demais. Essa dualidade o transforma em uma figura fascinante, cuja verdadeira natureza continua a ser questionada por fãs em todo o mundo, provando a genialidade de sua construção.
Afinal, suas ações como agente duplo para Dumbledore o definem como um herói, ou seu comportamento abusivo como professor anula seus sacrifícios? A jornada de Snape nos força a questionar nossos próprios conceitos de bem e mal, nos perguntando se os fins realmente justificam os meios. Ele é a personificação da complexidade humana, movido por amor, ódio, arrependimento e amargura, tudo ao mesmo tempo.
Neste artigo, vamos analisar cada faceta deste personagem inesquecível. Vamos explorar os argumentos que o defendem como herói, as evidências de sua vilania e a possibilidade de ele ser, na verdade, um mártir silencioso. Prepare-se para mergulhar em uma das discussões mais ricas do mundo bruxo e tirar suas próprias conclusões sobre o homem por trás da capa preta.
Quem é Severo Snape?
Snape é um dos personagens mais enigmáticos de Harry Potter. Professor de Poções (e depois de Defesa Contra as Artes das Trevas), ele sempre teve um comportamento distante, às vezes cruel, especialmente com Harry e seus amigos. Mas, ao longo da história, seu passado vai sendo revelado, o que muda completamente a forma como o enxergamos.
Se pensarmos somente pelas aparências, Snape parece ser um vilão clássico: cara fechada, roupas escuras, comportamento ríspido. Mas quem disse que dá pra julgar um livro pela capa?
A Defesa de Snape como Herói: O Sacrifício Silencioso
O principal argumento para defender Snape como herói é seu papel como agente duplo, uma posição que exigiu coragem e um sacrifício imenso. Dumbledore confiava profundamente em Snape. E isso não era coincidência. O professor se tornou um agente duplo, fingindo lealdade a Voldemort enquanto, na verdade, trabalhava para protegê-lo.
O mais impressionante é que Snape manteve esse papel por anos, mesmo sabendo que viveria sob suspeita e sem reconhecimento. Quando descobrimos que ele vigiava Harry por amor à mãe do garoto, Lílian Potter, seu antigo amor, somos levados a vê-lo sob uma nova luz.
Talvez o maior gesto de heroísmo de Snape tenha sido esse: proteger o filho da mulher que amava, mesmo odiando o pai dele. Difícil, né?
Mas será que isso basta pra torná-lo um herói? A resposta não é tão simples. Ele fez muitas escolhas duvidosas, tratou alunos com crueldade e não era exatamente um exemplo de gentileza. Então, vamos explorar os outros lados dessa moeda.
A Acusação de Vilão: O Abuso em Sala de Aula
Apesar de seus feitos, é impossível ignorar o lado vilão de Snape, manifestado principalmente através do abuso psicológico contra seus alunos. Quem não se lembra das aulas de Poções? A forma como Snape humilhava Harry, Neville e outros alunos não era apenas rigor era crueldade manifesta.
Mesmo que ele estivesse fingindo diante dos Comensais da Morte, certas atitudes pareciam reais demais. Ele foi parcial, severo além da conta e vingativo, principalmente quando se tratava de filhos de seus “inimigos” da época escolar, como Tiago Potter.
E vamos combinar: se Snape realmente se importava com Harry, como ele permitiu que o menino sofresse tanto? O amor por Lílian não poderia ter gerado mais empatia?
Snape carregou mágoas da adolescência por décadas. É como aquele colega que guarda ressentimento desde o colégio e revive essas tretas para sempre. A diferença é que ele tinha uma varinha nas mãos e manipulava poções perigosas…
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A Visão do Mártir: O Sacrifício Não Reconhecido
Uma terceira perspectiva enxerga Snape como um mártir, alguém que sofreu e morreu por uma causa maior, sem jamais esperar reconhecimento por isso.
Snape trabalhou nas sombras, odiado por muitos, sem esperar aplausos ou glória. Ele sabia dos riscos e, mesmo assim, aceitou a missão de proteger Harry até o fim. Isso sem contar o momento em que ele próprio arma, junto com Dumbledore, o plano de fingir sua lealdade matando o próprio diretor. Sim, matar Dumbledore foi parte de um acordo prévio. Quantas pessoas estariam dispostas a pagar esse preço?
No fim, ele morreu sozinho. Snape teve uma das mortes mais tristes da saga. Seu legado só foi revelado após sua morte, quando Harry mergulhou nas memórias dele. Aquela famosa frase: “Always” (“Sempre”) dita quando Snape revela que nunca deixou de amar Lílian é de arrancar lágrimas até do mais durão.
A Filosofia por Trás de Snape: Os Fins Justificam os Meios?
A complexidade de Snape personifica uma das questões filosóficas mais antigas: suas boas ações finais justificam as atitudes ruins ao longo do caminho? Ou, como diria Maquiavel: os fins justificam os meios?
Alguns diriam que sim. Outros, que ele se redimiu no final. Mas há quem não perdoe o comportamento abusivo, mesmo que motivado por algo maior.
O filósofo Friedrich Nietzsche acreditava que o ser humano é cheio de contradições, e que é nesses conflitos internos que crescemos. Snape é o exemplo perfeito disso. Ele é complexo, imperfeito, movido por amor e ódio ao mesmo tempo.
O Veredito: Snape é Herói, Vilão e Mártir ao Mesmo Tempo
A resposta mais honesta? Ele é os três. E talvez seja por isso que gostamos tanto dele ele nos lembra que ninguém é 100% bom ou mau.
No fundo, Snape é humano. Cheio de falhas, mas também capaz de gestos grandiosos. Amargurado, mas leal. Frio, mas apaixonado. Ele é a prova de que a jornada importa tanto quanto o destino. Não é à toa que Harry, ao batizar o filho, escolhe o nome Albus Severo Potter e diz: “Você carrega o nome de dois diretores de Hogwarts. Um deles era da Sonserina e foi, provavelmente, o homem mais corajoso que eu já conheci.”
Se formos sinceros, todos temos um pouco de Snape dentro da gente lutamos contra nossos medos, magoados pelo passado, tentando fazer a coisa certa, mesmo que nem sempre acertemos. No final das contas, Snape nos ensina que coragem não é sempre vestir a capa de herói, mas sim continuar lutando, mesmo quando ninguém aplaude.
E você? Qual a sua opinião sobre o Snape? Herói, vilão ou mártir? Compartilha com a gente aqui nos comentários!
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