Por que o mundo de The Witcher é tão cruel?

Apr 29, 2025 · 5 mins read
Por que o mundo de The Witcher é tão cruel?

Você já se perguntou por que o universo de The Witcher é tão sombrio, cheio de escolhas difíceis, traições e uma sensação constante de que nada vai terminar bem? Pois é, não é só impressão sua. O mundo criado por Andrzej Sapkowski é, de propósito, brutal. Mas existe uma razão — ou melhor, várias — por trás disso. Neste post, a gente vai explorar por que o mundo de The Witcher é tão cruel e como essa abordagem ressoa tanto com o público. Vamos falar de história, filosofia, folclore e até da realidade aqui do “mundo real”.

Um mundo onde o certo e o errado se misturam

Ao contrário de muitas histórias de fantasia, onde heróis lutam contra vilões claramente definidos — tipo o clássico “bem contra o mal” estilo Senhor dos Anéis —, The Witcher escolhe viver nas zonas cinzentas. Geralt de Rívia, o protagonista, vive se metendo em situações onde, muitas vezes, não existe uma escolha “boa”. É tudo baseado em consequências. Às vezes, ele precisa tomar a decisão menos pior. Isso deixa a gente desconfortável, mas também faz a história parecer mais real. Já pensou em como isso se parece com a vida real? Nem sempre temos respostas certas para tudo. Às vezes, fazemos o que dá pra fazer com o que temos — e sofremos as consequências, como adultos cansados numa segunda-feira chuvosa.

The Witcher bebe da fonte da história europeia

Andrzej Sapkowski é polonês. E a história da Polônia não foi exatamente fácil. O país viveu sob dominação, guerras, mudanças de fronteiras e opressões por séculos. Isso tudo se reflete no tom da obra. O universo de The Witcher parece o retrato de uma Europa medieval crua e violenta. E com razão. Povos perseguidos, minorias marginalizadas, perseguições religiosas, lutas por território… Tudo ali é inspirado em eventos que realmente aconteceram. Alguns exemplos:

  • A perseguição a elfos e anões lembra muito o que minorias sofreram durante regimes autoritários na Europa.
  • As guerras entre reinos humanos mostram uma constante sede de poder — algo comum na Idade Média (e até hoje, né?).
  • As consequências da guerra, fome, doenças e corrupção institucional estão sempre presentes no mundo do jogo e das séries.

Folclore sombrio e criaturas que também têm dilemas

Outra característica marcante de The Witcher é como ele lida com as criaturas mágicas. Ao invés de serem apenas monstros nojentos que devem ser mortos, muitas vezes eles têm histórias trágicas e dilemas morais. Tem um episódio na série da Netflix, por exemplo, em que Geralt encontra uma striga — uma criatura horrenda, mas que na verdade é o resultado de uma maldição envolvendo uma família real. Em vez de simplesmente matá-la, ele tenta resolver a situação. Isso aproxima o jogo e os livros do folclore eslavo, onde muitas criaturas são representações simbólicas do sofrimento humano. Tipo as lendas da nossa cultura brasileira, como a Cuca ou o Lobisomem — monstros, mas que escondem metáforas sobre medo, moral e punição.

Filosofia embutida em cada escolha

Por trás de todo o sangue e magia, The Witcher nos força a refletir. E isso não é acidental. A saga tem pitadas de existencialismo, niilismo e até um pouco de estoicismo. Geralt, por exemplo, vive de forma quase estoica. Ele tenta agir de maneira honesta dentro do que acredita, mesmo quando sabe que não vai ser recompensado. É como se ele dissesse: “o mundo é uma droga, mas não precisa ser pior por minha culpa.” Isso nos lembra que, muitas vezes, fazer o certo não traz nenhuma recompensa — mas ainda assim é o certo.

Por que isso tudo ressoa tanto com a gente?

O mundo de The Witcher não é cruel só por ser “dark” ou querer chocar. Ele é construído assim para nos fazer pensar na complexidade da vida. E isso conecta diretamente com o público, especialmente o adulto que já entendeu que nem tudo é preto no branco. Talvez seja por isso que a série, os jogos e os livros fazem tanto sucesso. Nós vivemos em um mundo cheio de injustiças, decisões difíceis e contradições. Ver isso refletido na fantasia traz alívio, representatividade emocional e até uma espécie de consolo. E vamos combinar: quem nunca desejou fugir pra um mundo mágico cheio de espadas e feitiços… mas ainda se identificar com os problemas que ele apresenta?

Essa crueldade é o que torna tudo tão humano

No fim das contas, o que torna o universo de The Witcher tão fascinante é justamente essa mistura de fantasia e humanidade. As magias, os monstros, os pactos… tudo isso é só pano de fundo para explorar o que realmente importa: as escolhas, as perdas, os sonhos e a sobrevivência dentro do caos. É um lembrete de que, mesmo nos mundos mais mágicos, os verdadeiros conflitos continuam sendo sobre ética, amor, poder, identidade e sobrevivência.

Conclusão: a fantasia mais real que a realidade

The Witcher é cruel, sim. Mas é exatamente essa crueldade que nos prende, fazendo com que a gente se reconheça nos dilemas de um bruxo de cabelos brancos e olhar cansado. A série, os livros e os jogos mostram que, mesmo em um mundo fantástico, os maiores monstros continuam sendo os humanos — e que a verdadeira magia talvez seja encontrar alguma bondade no meio do caos.

Sugestões de leitura para se aprofundar

  • Livros da saga The Witcher, de Andrzej Sapkowski
  • The Witcher 3 - melhor jogo da série baseado nos livros
  • O Mundo de The Witcher – livro ilustrado com detalhes sobre o universo
  • História Medieval – qualquer material sobre Europa entre os séculos V e XV
  • Pesquisa sobre folclore eslavo e polonês
  • Leituras introdutórias sobre filosofia existencialista (Sartre, Camus)

E aí, você também acha que o mundo de The Witcher parece às vezes mais real que o nosso? Conta pra gente aqui nos comentários!

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