Os easter eggs mais filosóficos dos jogos da FromSoftware

Você já jogou algum game da FromSoftware e ficou com aquela sensação de que tem algo mais por trás de cada fala enigmática, cada cenário destruído ou monstro bizarro? Se você respondeu sim, bem-vindo ao clube. Jogos como Dark Souls, Bloodborne e Elden Ring não são só conhecidos pela dificuldade insana, mas também por esconder ideias profundas sobre morte, tempo, identidade – e tudo isso de um jeito bem sutil, quase como se fossem easter eggs filosóficos. Neste post, vamos mergulhar nesses universos sombrios para entender como esses jogos nos fazem pensar sobre a vida (e a morte) de formas que nem sempre percebemos de primeira.
Por que FromSoftware é diferente?
A grande sacada dos jogos da From é que nada é jogado na sua cara. A história é contada por fragmentos, como descrições de itens, falas soltas de NPCs ou arquitetura dos cenários. Parece que o Miyazaki (diretor da maioria dos jogos) confia que a gente vai “ligar os pontos”. Isso faz com que cada descoberta pareça pessoal. E quando você junta as peças, percebe que os jogos falam mais sobre a condição humana do que só sobre matar chefões gigantes.
Filosofia na ponta da espada
Vamos dar uma olhada em algumas dessas reflexões escondidas nos mundos da FromSoftware e como elas aparecem nos jogos:
Morte: o eterno ciclo em Dark Souls
Dark Souls é praticamente um tratado sobre a morte disfarçado de RPG. Você morre – muito – e cada vez que isso acontece, a história mostra que a morte não é o fim, mas um ciclo sem fim. O próprio conceito de “Hollow” (quando o personagem perde sua humanidade) reflete a perda de propósito ou identidade. Você já parou pra pensar quantas vezes se sentiu perdido depois de uma derrota, não só no jogo, mas na vida mesmo? Isso nos leva a uma questão filosófica clássica: o que acontece quando perdemos nosso propósito? Em Dark Souls, os personagens acabam enlouquecendo. Será que a gente também não corre esse risco na vida real?
Tempo: distorcido e fragmentado em Bloodborne
Se Dark Souls é sobre morte, Bloodborne brinca com a ideia de tempo e consciência. O jogo se passa num mundo que mistura realidade, sonhos e pesadelos – e muitas vezes, tudo isso ao mesmo tempo. Você já sonhou que estava preso num lugar estranho e sem lógica? Em Bloodborne, isso é constante. Nas entrelinhas, o jogo sugere que nossa percepção da realidade pode estar condicionada ao que somos capazes de entender – e que existem verdades tão grandes que podem nos enlouquecer. O próprio uso de “insight” (um tipo de recurso do jogo) mostra isso: quanto mais você sabe, mais o mundo muda. Mas saber demais também tem um preço. Conhecimento pode ser libertador… ou enlouquecedor.
Identidade: reconstruída em Elden Ring
Elden Ring aprofunda ainda mais esse papo filosófico. Aqui, você é o Ternished, alguém que perdeu seu status e é convidado a buscar um novo propósito. Mas o legal é perceber como o jogo coloca em questão quem você é em um mundo em ruínas. Há uma vibe existencialista no ar – como se o jogo perguntasse: você vai seguir os caminhos que estão definidos ou vai construir sua própria história? Você pode escolher apoiar diferentes ideologias e finais, cada um refletindo uma forma de encarar sua existência. Não tem um final “bom ou ruim” – tem o que você escolheu ser.
Os pequenos grandes detalhes
Muita gente nem nota, mas são os detalhes que fazem esses jogos tão especiais. No meio do caos, estão escondidas mensagens profundas. Alguns exemplos curiosos:
- O Sol em Dark Souls: Solaire e sua obsessão com o Sol são mais do que memes. Ele busca “sua própria luz”, uma metáfora clara sobre encontrar a própria verdade.
- A Lua em Bloodborne: símbolo de transformação e loucura. A lua cheia aparece quando os limites da realidade começam a se desfazer.
- Ranni em Elden Ring: uma personagem central que rejeita a ordem cósmica presente, propondo uma nova forma de liberdade.
A combinação de imagens, simbolismos e narrativas nos faz pensar sobre muitas questões existenciais, mesmo sem perceber. E isso é parte da magia dos jogos da FromSoftware.
Mas por que isso tudo importa?
Pode parecer exagero, mas tem algo de muito humano nesses jogos. Eles falam sobre nossos medos mais profundos – a morte, o vazio, o destino – e colocam o jogador no controle (ou melhor, na ilusão de controle) de como enfrentar tudo isso. Além disso, eles mostram que a jornada importa mais que o final. Assim como na vida, a gente toma decisões com as informações que tem e enfrenta as consequências.
E você, já refletiu enquanto jogava?
É aí que vem a beleza desses “easter eggs filosóficos”. Você pode jogar só pela pancadaria e tá tudo bem. Mas se for mais fundo, vai descobrir uma camada rica de reflexões que podem até mudar sua forma de ver o mundo. E olha, se você já sentiu aquele frio na barriga ao entrar numa nova área desconhecida, ou ficou em silêncio depois de um diálogo estranho com algum personagem misterioso… talvez você já tenha sentido essa filosofia agindo em você.
Considerações finais
Os jogos da FromSoftware não são só sobre espadas, monstros e labirintos. Eles são espelhos sombrios onde, se prestarmos atenção, conseguimos enxergar partes da nossa própria alma. Da próxima vez que estiver vagando por uma catedral abandonada em Bloodborne ou enfrentando um dragão colossal em Elden Ring, lembre-se: por trás de todo esse desafio, existe uma conversa silenciosa sobre o que significa ser humano.
Para quem quiser se aprofundar:
- Vídeos do canal VaatiVidya no YouTube (em inglês, mas vale muito!)
- Livros de filosofia existencialista como “O Ser e o Nada”, de Sartre
- Artigos de fãs nos fóruns do Reddit (subreddits como r/darksouls e r/bloodborne)
- Documentários e entrevistas com Hidetaka Miyazaki
E aí, qual foi o momento mais filosófico que você viveu num jogo da FromSoft? Conta pra gente nos comentários!
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